Lembro-me como se fosse agora
com o olhar cansado, ele me chamou
para se despedir, para pedir perdão.
No seu rosto triste e magro
vi o tape da nossa vida
e me recusei a chorar
para lhe dar um pouco
da vida que me sobrava...
Cinco minutos apenas...
Para quem teve tanto...
Só restavam cinco minutos.
Para quem teve tanto...
Só restavam cinco minutos.
A porta se abriu de repente
os homens de branco levaram-no.
Lembro-me que ainda consegui sorrir
e lhe dizer baixinho:- eu espero aqui!
os homens de branco levaram-no.
Lembro-me que ainda consegui sorrir
e lhe dizer baixinho:- eu espero aqui!
A janela aberta me mostrava a selva
o perfil de um prédio, que eu não esqueci.
Que durante horas eu me perguntei
o que havia nele: se tristeza ou vida!
o perfil de um prédio, que eu não esqueci.
Que durante horas eu me perguntei
o que havia nele: se tristeza ou vida!
Como na ampulheta o tempo pingava
como se mendigasse os minutos.
Finalmente no ocaso, com a sala púrpura
a porta se abriu e você voltou.
como se mendigasse os minutos.
Finalmente no ocaso, com a sala púrpura
a porta se abriu e você voltou.
Mas voltou para a vida, não voltou pra mim.
Aquele amor gostoso, que me fez sentir
Perdeu-se para sempre numa UTI.
Aquele amor gostoso, que me fez sentir
Perdeu-se para sempre numa UTI.
Eu segui em frente, ainda que descrente
querendo o nosso mundo resgatar.
E lutei com homens. E lutei com a vida.
Que luta desigual!
Tudo para lhe proteger.
querendo o nosso mundo resgatar.
E lutei com homens. E lutei com a vida.
Que luta desigual!
Tudo para lhe proteger.
Nada adiantou. Porque um belo dia
Quando o sol nascia, você foi embora.
Quando o sol nascia, você foi embora.
E nunca mais voltou..
Nunca tinha caído assim tão fortemente a ficha
de que somos apenas pensionistas da vida,
apesar de desde menina ter descoberto
que todos nós estamos aqui
apenas de passagem!
Gosto da Marina Colasanti por isso:
suas verdades, mesmo sendo
tão óbvias e tão simples, nos dão alfinetadas.
Pelo menos é assim que funciona comigo.
Que saibamos então tornar grandes
os pequenos momentos
e transformar o nosso quarto
num castelo, em nosso santuário,
onde ele possa servir de proteção e de abrigo,
mas que jamais deixemos que o medo nos afaste
da janela e desse nosso contato
gostoso com o mundo e com as pessoas.
O externo também é muito importante,
mesmo que alguns neguem.
Não somos ilhas, mesmo nos dando
tão bem conosco
e com o nosso íntimo!
Não nos bastamos.
Não sempre.
Que tentemos conservar o nosso quarto
arrumadinho a todo instante,
assim não teremos
muito trabalho na hora de o devolvermos,
se possível ainda mais belo
do que como o recebemos:
agora ele fará parte de nós, e nós dele.
Haverá uma história morando ali,
ainda que nós não mais